18 de mai. de 2012

APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA!


 Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. 
Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. 
Como minha casa era muito segura, com  grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente. 
Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. 
Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:

-Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara! 
Passados menos de 3 minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo. 
Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. 
Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia. 
No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse: 
-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão. 
Eu respondi: 

- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível. 

 (Luiz Fernando Veríssimo).


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