Embalos de violas para Clarimundo
(Fragmento)
Newton Navarro
Trinta
cordas de agonia
Trinta tons de sentimento
Minha garganta vazia
Não
tem versos
Não tem rimas
Para dizer o meu tormento.
Trinta
cordas de violas,
Trinta choros de instrumento
Que me valham céus
e terra
Com seus fortes elementos
Pra chorar a Clarimundo
Adormecido
na morte
Após tanto sofrimento.
Trinta sons de desêspero
Trinta
nomes de silêncio
Pra consolar êsse moço
Que cantou pra tanta
gente
E jaz agora por terra
Solitario e sem descanso
Com todo o
peito cortado
E o coração desolado
De tanto padecimento.
Trinta
bordões enflorados
Com cravos de roxa cor,
Trinta primas afinadas
rimando
secretamente
nossa mágoa e sua dor.
Acendam-se madrugadas
Como
círios em redor,
Porque sem luz esses olhos
Não podem vagar tão
sós.
Para o céu há tanto espaço,
Como poderá alcançá-lo
Se no
rosto há tanto pó?
Trinta estrêlas matutinas
Seu rosto devem
velar.
Trinta fontes de águas claras
Seus olhos devem lavar.
Trinta
violas sonoras
A sua alma serenar.
E um anjo feito sereno
Aos
céus sua alma levar...
Natal, 8 de Novembro de 1955
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