27 de mar. de 2013

Respeitável Público!!!!


CIRCO*
Ao fim de uma semana onde os compromissos laborais e políticos (quem disse que fazer política não se constitua numa modalidade de trabalho, pelo menos haverá de admitir que dê muito trabalho) quando meus dois pequenos (Samuel Pedro e Maria Letícia) pedem-me para ir ao “Circo do Fuxiquinha”!


Pergunto-lhes onde estava armado tal circo e eles me disseram que o mesmo se encontrava na Zona Norte da cidade, mais especificamente próximo ao Cemitério Campo Jorge. E eu exclamei: “logo perto de um cemitério, filhos” e eles só fizeram rir de minhas observações. 

Foram-se o cansaço e estresse e sou impelido a acatar os apelos do passado. E como num passe de mágica, transporto-me a outro espaço e outro tempo histórico. Estou no poleiro (o dinheiro não dá para as cadeiras), e assisto aos trapezistas e palhaços e malabaristas, sem antes ter visto a luta entre “Bernardão” e “Aderbal”!

Estou no circo, no terreno onde hoje funciona a Agência do INSS de Caicó! Ah, o circo! Só nele nossos corações batiam mais fortes, ante as acrobacias de homens e mulheres que desafiam as leis da gravidade! Ah, o circo! Só nele nosso riso e nosso gargalhar são mais afrouxados, ante as presepadas dos palhaços, aqueles piolins (magros como um barbante) e carequinhas, de caras pintadas e colarinhos altos!

O circo dos elefantes e leões! O circo de macacos gorilas e zebras! O circo das onças pintadas e outros animais que o sertão não é capaz de mantê-los! O circo dos buzis e dos roletos de cana! O circo dos picolés de Derossi e da pipoca de Chico Tucano!

E estou quase a cochilar, a me render ao cansaço, quando me vem à mente dois grandes filmes: “O mundo do circo”, com John Wayne, Rita Rayworth e Claudia Cardinale. Um cowboy que agora é proprietário de circo e mãe e filha que passam a conhecer os prazeres e as tragédias do mundo circense. Bela película, onde tristeza e felicidade se misturam, além de muita camaradagem e bravura. Um trio de arrepiar que assistira no Cine São Francisco, de Zé do Ouro! 

Mas é “O Circo”. O circo de Chaplin! O Circo de Carlitos! O vagabundo que acaba dentro da empanada ao fugir da polícia, que o confundira com um batedor de carteiras. Calças largas, paletó apertado e chapéu coco. E ele não precisou mais que um cabo de vassoura para fazer encenar um ensaio na corda bamba! Carlitos, um mudo que exercitou sua eloquencia no circo!

“O circo não tem futuro, mas nós, ligados a ele, temos que batalhar para essa instituição não perecer”, disse Piolin, alguns minutos antes de morrer. 

Hoje é o último espetáculo e o ingresso só custa metade do preço... 


* Texto produzido em 2011.

Gilberto Costa

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