Auto Descrição!!!
****************************************************************************************************************************************************************************************************************************
ORAÇÃO PARA
AQUELE CARNAVAL
Estava a
pensar
Num passado um
tanto distante
Que teima em
não chegar junto
Amores de carnaval
Às vezes ficam na lembrança
Alguns que de tão perecíveis
Apodrecem antes da fabricação
Uns têm prazo de validade
Outros são tão cheios de momentos únicos
Que são até quando se acabam
O meu amor
É um pouco disso:
Capitania hereditária
De tão vício
É vitalício
Dos Lados
Do outro lado da grande ponte
Um tanto distante
Mas é de lá que quando acordo espero ver você
Passar
Tão perto
É a ponte
Misteriosa
Não tem conceito,
Não tem concreto,
Concretiza
Não tem espelhos, apenas almas roubadas
Em fotografias que as guardo, para os dias de solidão
Um tanto distante
E tão perto é esse monumento
Que aproxima e faz presente, mesmo que ausente
Há sempre um barco que atravessa o rio grande
São águas que passam
Interrogações que ficam
No abraço desejado
No colo que é dado
O astral levantado
Não tem insenso,
Apenas palavras
Às vezes sensações
E um novo verso
Que se constrói a cada instante
Forte como aquela ponte
Deixa tudo mais próximo
Mesmo sendo vizinhos
Ainda que faltando um gole de vinho
Que irá marcar
Mas que aí está
E não mais partirá
Permanece apenas
O desejo
De ficar e seguir em frente
Na poética reciprocidade
Do rio que está sempre a chegar
Ao meu amigo virtual Pedro Jr.
Um canto só
Para Adriana Calcanhotto
Eu não canto para sábios
Eu não canto para deuses
Eu não canto para pássaros
Eu não canto
Do que me vale cantar
Para os que cantam ?
Do que me vale cantar
Para os bons?
Do que me vale?
Não vale nada
Eu quero cantar para os ignorantes
Para os que não têm o meu canto
Eu quero cantar para os fracos
Cantar
Para quem têm dor
Quero cantar o meu canto
Para todos os sem canto
Sem lugar
Só quero cantar
Só quero cantar para quem está só
Do que me vale cantar para os poetas?
Do que me vale cantar para os belos?
Do que me vale?
Não vale nada
Eu quero cantar para as sombras
Ninguém compreende a luz das sombras
Do lugar nenhum
Eu quero cantar para os surdos ,os mancos , os cegos
Eu quero cantar para as bruxas queimadas
Homens mortos, mórbidos, sórdidos, canalhas
Eu só quero cantar
Eu não quero cantar só
Eu
É fim dos tempos
sou apenas começo
Dias de calor
só me aqueço
trem de fim de tarde
caminhos que mereço
roda-gigante sem parque
sempre querendo berço
linda canção na memória
histórias que sempre esqueço
oração de Cristo rei
o andor que padeço
carranca na porta
com alguém que não conheço
alvorada incandescente
noites que adormeço
piche de asfalto
forro de gesso
estranho e sem exemplos
há sempre a quem pareço
horas renascendo
em instantes faleço
Para noites de frio e dias de calor
Tu és fantasma que me perturba
Me embala, mas não me deixa dormir
Causa exaustão e me dá combustão
Sara minhas feridas e depois põe areia
Bate-me e me lambe
Quando tento te esquecer, tu me aparece
Choro e achas graça
Busco fuga, viro caça
Eu: água de coco. Tu: copo de cachaça
Quero paciência. vens e me ameaça
Cantinho do meu quarto, coreto de tua praça
De Bens
É por te querer o bem
Por você ser do bem
Como quero te ver bem
E por querer está bem
Também
Que venho por bem dizer
Meu bem
Que te quero bem
Mas bem
Muito bem
Muito bem mesmo
Bem longe
De Mim
Quando o carnaval chegar quero te encher de flores,
Quero te dar amores, saborear ardores
Quando o carnaval chegar
Serei Pierot e seus dissabores, me cobrirei com todas cores
Me vestirei de Palhaço e perseguirei a menina
No meio das ruas chuverei confete e serpentina
Apenas serei livre
Andarei no meio do cordão
Abraçarei a multidão
serei marcha, frevo-canção
Mas é só quando o Carnaval chegar
que esquecerei do medo da solidão
andarei na contra mão e não sei onde vou parar
Prometo que não o farei antes...
Voarei sem asas
Só quando o carnaval chegar
Que não mais terei medo do futuro...